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Mostrando postagens de novembro, 2019

Por quem os sinos dobram? Não por Katellen ou Ágatha

Mais uma criança muito pequena morre no Rio de Janeiro. Mais uma menininha negra. Bala perdida, diz a reportagem. Bala perdida, expressão que não faz nenhum sentido. Uma bala que mata não é perdida. Bala que mata cumpre sua missão. Partamos daqui, dessa observação banal ou, antes, implicante. Como se houvesse aí um problema de semântica, ou de semiótica. Porque não. Ou não apenas. A ideia de uma bala perdida é a ideia de um acidente. De alguém que estava naquela esquina da história que conhecemos como estar no lugar errado, na hora errada. Ora, nada é menos acidental que uma criança de 5 anos estar ao lado da mãe indo para a escola. Mesmo que seja em Realengo. Mesmo que seja em 2019, no estado governado por Witzel, no país governado por Bolsonaro. Simplesmente não é possível aceitar que a sexta criança morta no Rio de Janeiro neste ano seja mais um acidente. Na mesma ocasião outra criança morreu. Esta tem 17. Mas essa não merece manchete nem está nesta estatística. M